Rui Car
07/10/2019 16h10 - Atualizado em 07/10/2019 14h12

Consumo de álcool por homens e mulheres antes da concepção está relacionado com problemas cardíacos no bebê

Casais que querem ter filhos devem ficar um ano sem beber?

Assistência Familiar Alto Vale
HypeScience

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Pais e mães que estão pensando em engravidar devem deixar o álcool de lado meses antes da concepção para evitar problemas cardíacos congênitos no feto, diz estudo publicado na European Journal of Preventive Cardiology, uma revista científica da Sociedade Europeia de Cardiologia.

 

Esta é a primeira meta-análise que examina o consumo de álcool pelos pais antes da concepção. Até agora, os estudos desse tipo focavam apenas no consumo das mães.

 

As consequências para a formação do bebê foram diferentes dependendo se quem bebia era o futuro pai ou a futura mãe: quando eles bebiam até quatro doses “por sentada” nos três meses antes da concepção, os bebês tinham 44% mais chance de ter problemas cardíacos de formação. Quando eles bebiam cinco doses ou mais, esta porcentagem subia para 52%.

 

Já quando as mães bebiam no trimestre anterior e no primeiro trimestre da gestação causavam um aumento de 16% no risco do filho ter problemas cardíacos por má-formação. A quantidade de bebida, fosse ela menos ou mais que cinco doses por evento, não fez diferença.

 

“Consumo exagerado de bebida por pais e mães em potencial é um alto risco e um comportamento que não apenas aumenta a chance do bebê nascer com um defeito cardíaco, mas também danifica muito a própria saúde”, diz o autor principal, Jiabi Qin, da Escola de Saúde Pública Xiangya (China).

 

O pesquisador diz que os resultados sugerem que quando casais estão tentando ter um bebê, os homens não devem consumir álcool por pelo menos seis meses antes da fertilização, enquanto mulheres devem parar um ano antes e também durante a gravidez.

 

Problema congênito mais comum

Doenças cardíacas congênitas são os problemas mais comuns de formação, com aproximadamente 1,35 milhão de casos por ano. Esses problemas podem aumentar a chance de doenças cardiovasculares mais tarde, mesmo depois de tratamento, e também são as maiores causas de morte perinatal.

 

Uma em quatro crianças com espectro de desordens fetais alcoólicas têm problemas cardíacos congênitos, o que indica que o álcool pode estar relacionado a estes problemas.

 

Nesta meta-análise os pesquisadores compilaram os melhores dados publicados entre 1991 e 2019, o que resultou em 55 estudos que incluíram 41.747 bebês com doenças cardíacas congênitas e 297.587 sem essas doenças. A análise mostrou uma relação não-linear proporcional às doses na relação entre consumir álcool antes da concepção e doenças cardíacas congênitas.

 

“Observamos um aumento gradual no risco de doenças cardíacas congênitas conforme aumentou o consumo de álcool pelos pais e mães. A relação não era estatisticamente significante em quantidades menores”, diz o pesquisador.

 

Casais que querem ter filhos devem ficar um ano sem beber?

Os autores alertam que este é um estudo observacional e não prova um efeito causal. O estudo também não prova que o consumo de álcool pelo pai é mais danoso ao coração do feto do que o consumo da mãe. Os dados não podem ser usados para definir um limite de consumo dessas bebidas que seja seguro para o feto.

 

Mais estudos sobre a relação entre consumir álcool por pais e mães nos meses anteriores à concepção precisam ser realizados no futuro. “Apesar de nossa análise ter limitações – por exemplo, o tipo de álcool não foi registrado – ela não indica que homens e mulheres planejando uma família devem abrir mal do álcool”, conclui o pesquisador. [Medicalxpress]

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