Rui Car
06/12/2017 13h43

Conheça a menina de seis anos considerada “a mais bonita do mundo”

A mãe de Anna publica regularmente imagens da filha

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Enquanto a maioria das meninas de seis anos está brincando com slime, colecionando itens coloridos de papelaria e trocando cartas de Pokemon, Anastasia Knyazeva está ocupada construindo uma carreira no mundo da moda, que a declarou como a “menina mais bonita do mundo”.

 

Após estrelar diversas campanhas na Rússia, seu país natal, Anastasia, conhecida como Anna, e representada pela agência President Kids Management, atraiu mais de 500 mil seguidores em seu perfil no Instagram, gerenciado por sua mãe.

 

A mãe de Anna publica regularmente imagens da filha em sessões fotográficas e campanhas publicitárias, além de fotos ocasionais mostrando os “bastidores” de sua vida em casa.

 

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Cada imagem recebe centenas de comentários sobre os traços da menina, que lembram os de uma boneca, e seus incríveis olhos azuis.

 

Algumas pessoas consideram o perfil uma coisa ‘esquisita’, acusando os pais de Anna de não permitirem que a pequena aproveite a sua infância. Comentários de adultos classificando-a como “perfeita” e pedindo que ela deixe a franja crescer para parecer mais velha podem ser encontrados em diversas fotos.

 

Alguns pais e mães começaram a questionar a situação, dizendo coisas como: “Ela é uma criança. Isso não é legal”. Outros criticaram a mãe de Anna por permitir que ela use maquiagem e por retocar as fotos da filha com o uso do Photoshop.

 

Anastasia está seguindo os passos da modelo francesa Thylane Blondeau, hoje com 16 anos, que também foi nomeada a menina mais bonita do mundo quando tinha seis anos de idade – e acabou se tornando a modelo mais jovem a aparecer na Vogue francesa.

 

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Outra jovem russa, Kristina Pimenova, foi descrita como a menina mais bonita do mundo aos nove anos. A mãe da modelo, que atualmente tem 11 anos, chegou a ser acusada de compartilhar fotos provocativas da filha nas redes sociais.

 

Além do debate sobre os comentários “assustadores”, alguns seguidores criticaram a mãe de Anna por permitir que ela tenha um perfil nas redes sociais mesmo sendo tão pequena.

 

É aí que surge a pergunta: qual é a idade apropriada para expor as crianças às redes sociais?

 

Embora perfis dedicados a bebês e crianças pequenas sejam muito fofos, alguns especialistas acreditam que introduzir os pequenos ao mundo das “curtidas” pode colocá-los em contato com um mundo digital para o qual não estão preparados.

 

Kristina Pimenova

Kristina Pimenova

 

“O problema neste caso é que, primeiramente, você está compartilhando informações sobre as crianças sem a permissão delas, e em segundo lugar, está criando uma voz que não é delas, e isso significa que as pessoas estão conhecendo você, e não o seu filho,” explica a psicóloga Emma Kenny.

 

O perigo mais óbvio é o relacionado à segurança. “Compartilhar fotos, vídeos e conteúdo social online não é muito seguro estatisticamente, e com números recentes mostrando que o aliciamento de crianças online está atingindo níveis extremamente preocupantes, proteger seu filho deve ser uma prioridade dos pais”.

 

A questão do consentimento também merece consideração. Embora seja tentador compartilhar cada momento da vida do seu filho, vale a pena parar para pensar no fato de que eles se tornarão adolescentes e podem não gostar tanto daquela foto tomando banho.

 

Crianças pequenas não podem dar o seu consentimento para ter os detalhes de suas vidas publicados nas redes sociais, e por isso é impossível saber o que irão pensar a respeito quando ficarem mais velhas.

 

“Conforme seu filho cresce, ele pode gostar de ler todos os comentários amáveis dos seguidores, mas estarão igualmente expostos aos abusos proferidos por algumas pessoas, e para uma criança em desenvolvimento, isso pode ser desastroso para a autoestima,” explica Emma Kenny.

 

Há algumas diretrizes que os especialistas acreditam que os pais devem seguir se estão pensando em criar perfis nas redes sociais para seus filhos.

 

“Uma pesquisa do Parent Zone e do Nominet mostrou que nós adoramos compartilhar fotos de nossos filhos nas redes sociais, com mães e pais publicando entre 11 e 20 fotos por mês,” explicou um porta-voz da Parent Zone. “É natural que os pais queiram mostrar seus filhos ao mundo”.

 

No entanto, é preciso ter cuidado, principalmente quando a criança começa a ficar mais velha.

 

“Nossa pesquisa mostrou que mais de um quarto dos pais (28%) admite nunca ter pensado em verificar se a criança se importava em ter suas fotos publicadas online. Isso pode não ser tão ruim e é improvável que cause danos ao filho, mas certamente não é um exemplo de boas maneiras,” continua o porta-voz do Parent Zone.

 

Já houve um caso de uma adolescente na Austrália que processou seus pais por compartilharem suas fotos nas redes sociais, e advogados franceses fizeram um alerta explicando que os pais podem estar violando as leis de privacidade do país ao fazerem o mesmo.

 

“No mínimo, é preciso ter consciência de que seu filho vai crescer e pode não querer seus anos de formação expostos de uma maneira tão pública. Desativar uma conta nas redes sociais que nunca foi solicitada por ele, é um pequeno preço a pagar para manter um bom relacionamento familiar”.

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