Rui Car
19/04/2019 17h00 - Atualizado em 19/04/2019 09h13

Chocolate produz o mesmo efeito no corpo que as drogas

Por que ficamos felizes ao comer chocolate?

Assistência Familiar Alto Vale
Por Gabriela Kimura - Yahoo!

Por Gabriela Kimura - Yahoo!

Delta Ativa

Há muito tempo se sabe que o consumo excessivo de chocolate não faz bem para o corpo. Mas, com a Páscoa chegando e tantas opções de ovos deliciosos, é difícil resistir à tentação. Mesmo os mais amargos – com maiores concentrações de cacau – não escapam dessa questão. Por conta das substâncias presentes no cacau, o corpo tem as mais diversas reações, como euforia, prazer e até mesmo abstinência. Sintomas familiares? Não é à toa.

 

Conversamos com Thayana Albuquerque e Lenise Mendes, nutricionistas, para entender como o chocolate age no corpo e quais são os efeitos negativos do consumo excessivo.

 

Chocolate dá barato?

Houve uma moda nas baladas e raves europeias de cheirar cacau em pó. Não, você não leu errado: saem as drogas ilícitas, entra o cacau. A justificativa é que você teria os mesmos efeitos de drogas como maconha, ópio e até ecstasy – sem os problemas desse uso, claro.

 

Embora nenhum estudo tenha comprovado que as reações criadas por drogas sejam as mesmas de comer uma barra de chocolate, algumas substâncias químicas estão, sim, presentes em ambos.

 

Por que ficamos felizes ao comer chocolate?

Você já sentiu isso ao mastigar aquela barra bem gostosa. “O cacau possui em sua composição, dentre outros, magnésio e triptofano, que influenciam o organismo a produzir neurotransmissores que irão gerar a sensação de bem-estar, prazer e saciedade quando consumidos”, explica Thayana.

 

O triptofano é um aminoácido essencial precursor da serotonina e da melatonina, ambos importantes nos processos bioquímicos do sono e do humor. Ele também está presente no vinho e na cerveja. Ou seja: comer chocolate nos leva a um estado de euforia.

 

Além dele, o consumo de chocolate também libera a anandamida, chamada de “neurotransmissor da felicidade”. Curiosamente, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Neurociência de San Diego (EUA), a reação desencadeada pela anandamida seria muito similar à da maconha.

 

“O chocolate estimula a produção de anandamida, um peptídeo secretado nos receptores cerebrais endocanabinoides, que interfere na regulação de apetite e no sistema de recompensa, como também libera substâncias como a serotonina, responsável pelo prazer, bem-estar e relaxamento”, elucida a nutricionista Lenise Mendes.

 

Chocolate vicia?

O sistema de recompensa do corpo proporciona as sensações de felicidade, relaxamento e prazer, que acontecem também com outras substâncias. “O chocolate, como já mencionado, causa sensação de prazer e euforia apenas momentânea. Após um tempo essa sensação se vai e o organismo pede por mais e mais chocolate para sentir tudo de novo”, conta Thayana.

 

“Dependendo do indivíduo, quanto menor dopamina e serotonina no organismo, nosso sistema límbico (sistema de recompensa) é ativado para dar mais estímulo para produção de dopamina, então fica mais suscetível ao vício pelo chocolate – assim como também a qualquer outra coisa que possa viciar”, pontua Lenise.

 

Por estimular a liberação de neurotransmissores “da felicidade”, como a dopamina, endorfina, serotonina e anandamida, assim como fazem outras drogas, o doce pode trazer essa dependência química da sensação. E verdade seja dita: quanto mais você come chocolate, mais quer comer.

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