Rui Car
17/12/2018 08h02 - Atualizado em 17/12/2018 08h03

Morador de rua aguardado por cães em porta de hospital de Rio do Sul recebe doações

Casal encontrou Cézar Gonçalves e cachorros neste domingo em Rio do Sul

Assistência Familiar Alto Vale
Por Nathan Neumann - NSC

Por Nathan Neumann - NSC

Delta Ativa

Bebê, Tico, Nick e Menina usam do latido para avisar o dono que alguém se aproxima. Embaixo de um telhado, no estacionamento de uma gráfica, o morador de rua Cezar Gonçalves, 43 anos, acorda do sono da tarde, em meio ao calor, para receber as visitas desconhecidas e que vêm de longe. Os cachorros, mais que inseparáveis, são os primeiros a fazer contato. Aproximam-se dos visitantes e, de cara, ganham os primeiros carinhos. Quem chega é o casal de estudantes Mayara Jacqueline de Oliveira, 24 anos, e Renan Rafael Puertas, 30, que trazem consigo presentes para uma ceia especial de Natal.

 

A cena ocorreu na tarde deste domingo, no centro de Rio do Sul. Na semana passada, os dois viram a história dos quatro cães que ficaram na porta do Hospital Regional Alto Vale, enquanto o dono era atendido nos veículos da NSC Comunicação, e se comoveram. O casal saiu de Blumenau, onde mora, e foi ao encontro dos personagens.

  

Mayara e Renan levaram roupas, itens de higiene pessoal, panetones, guloseimas, alimentos para ceia de natal, bebidas e claro, rações, iscas e comedouros novinhos em folha para cães.

 

– O caso deles chamou a nossa atenção. Quem mora na rua acaba se tornando meio invisível, ainda mais quando se trata de animais nessa situação. Já tínhamos a intenção de fazer algo nesse sentido e coincidentemente a história do Cezar apareceu e aproveitamos a ocasião. Sou apaixonada por animais e esta é uma história tão linda, de companheirismo, que não poderia deixar passar – conta Mayara, que é estudante de medicina veterinária.

 

A lealdade entre os cãezinhos e Cézar fica evidente a medida em que a entrega dos donativos é feita e a conversa se desenrola. Os animais não saem do lado do dono, que recusa a qualquer pergunta hipotética e no tom de brincadeira de doar os bichinhos.

 

– Eles são a minha família, são companhias inseparáveis, são tudo para mim. Eles estão comigo durante todo o dia, até mesmo durante o trabalho catando papelão. Muitas vezes, deixo de comer para dar para eles – revela o morador de rua.

 

O gesto do casal mostra um sentimento que não é impulsionado apenas pelo período natalino.

 

– Não é só no Natal que temos que fazer coisas assim. Para termos um mundo diferente não precisa de muito, é só não fazer o mal, que já está de bom tamanho. Isso é muito a quem do que dá para ser feito – destaca Puertas, que é estudante de engenharia mecânica.

 

Cézar, seus cãezinhos e o casal de Blumenau dão várias lições e aprendizados. De companheirismo, lealdade, compaixão e, acima de tudo, amor ao próximo, mesmo que ele esteja em outra cidade, a quase 100 quilômetros de distância.

 

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