Aurio Gislon, jornalista socioambiental - Jornal Alto Vale Online
Moradores do Bairro Bela Aliança, em Rio do Sul, entraram em contato com a imprensa e a Polícia Ambiental na manhã desta quarta-feira, 18 de outubro de 2017, para informar que muitos pássaros estavam morrendo em arrozeiras na localidade da Rua Braço Bela Aliança.
O jornalista Aurio Gislon, do Jornal Alto Vale Online, esteve no local e constatou que dezenas de pássaros estavam mortos. Alguns aparentavam ter morrido há poucos minutos. Moradora das proximidades, que pediu para não ser identificada, disse que estranhou quando viu alguns pássaros mortos próximo a sua casa. Quando olhou para o outro lado da rua, mais pássaros mortos no barranco e, na sequencia, ela viu dezenas deles mortos dentro das arrozeiras, onde as sementes estão em estágio inicial de germinação, com plantas medindo de um a dois centímetros.
O responsável pelo plantio do arroz é um agricultor que arrendou o terreno e que mora a uns 800 metros do local onde os pássaros estão morrendo.
A Polícia Ambiental foi até a casa desse agricultor e coletou sementes de arroz que estão sendo preparadas para o plantio. O preparo é feito em tanque de água com veneno. Policial relatou que encontrou embalagens vazias de Furadan, veneno classificado como altamente tóxico. A Polícia Ambiental vai apurar onde o agricultor comprou o veneno. De acordo com o policial que atendeu o JAV Online, a empresa que vendeu o veneno tem que fornecer receituário agronômico e é responsável pela fiscalização da aplicação.
Além das sementes, a polícia também recolheu alguns pássaros. Os animais e as sementes serão encaminhados aos órgãos competentes para análise. O divulgação do resultado ainda não tem data para ocorrer.
No galpão do sítio a polícia também encontrou outros tipos de veneno, como o Dominum, Tarzan, Lorsban e Roundup. Moradores relataram que já viram pássaros mortos também em outras arrozeiras do Bairro e no limite de Rio do Sul com Lontras.
Veneno altamente tóxico
Furadan é usado em algumas lavouras, entre elas, milho, feijão e arroz. No uso para “tratar” as sementes, constata-se que envenena as sementes e, consequentemente, as plantas e alimentos, ao ponto de matar animais maiores e não só os insetos. A água usada nos tanques de tratamento de sementes tem alta concentração de veneno. Toda essa água e a água das arrozeiras acabam indo para os riachos, chegando aos rios e mares.
Qual é o efeito à saúde de quem come alimentos contaminados por venenos? Quanto desse veneno vai se acumulando no organismo e no meio ambiente? A grande incidência de câncer pode estar relacionada?
Como o governo pode liberar a indústria a produzir e autorizar o uso de veneno altamente tóxico, que pode causar a morte instantânea de animais e de outros bichos que venham a comer esses animais mortos, podendo chegar até a quinta geração, como informou policial ambiental?
Qual é a responsabilidade da indústria química, do agronegócio e do governo em casos como este ocorrido em Rio do Sul?
Para evitar que casos assim continuem acontecendo a solução é a agricultura familiar agroecológica, orgânica. Mudar o modelo de produção do convencional para um modelo que respeite o meio ambiente, que trabalhe a favor da natureza e não contra.
Esse modelo que visa unicamente lucro, principalmente concentrado nas mãos de poucos, está esgotado.
Enquanto isso é preciso agir judicialmente para responsabilizar os verdadeiros culpados pelos crimes ambientais. Neste caso específico, governo e indústria. A responsabilidade maior é de quem põe isso no mercado.
