Rui Car
28/06/2017 11h37 - Atualizado em 28/06/2017 10h05

Governador Raimundo Colombo diz ter provas robustas contra delatores da JBS e Odebrecht

Gestor estadual se diz mais tranquilo em rebater as denúncias

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O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), analisou o desempenho do governo estadual durante o primeiro semestre de 2017 e fez previsões otimistas para o resto do ano. Foi em entrevista à Rede de Notícias Acaert, departamento de produção de notícias da Associação Catarinense de Rádio e Televisão. Colombo também confirmou a disposição de renunciar ao mandato para concorrer ao Senado, em 2018, mas evitou fixar uma data.

 

Durante uma conversa nessa segunda-feira, com pouco mais de 20 minutos, Colombo não fugiu da questão crucial que tem que responder desde que seu nome foi citado por delatores da Odebrecht e da JBS. Ao reconhecer que é um momento duro de sua história política, assegurou que está mais tranquilo.

 

“Agora conseguimos ter acesso ao que foi dito e estamos conseguindo recolher todas as provas. Nós não vendemos nenhuma ação [da Casan]. Dizem que Deus não dá uma cruz mais pesada do que você pode carregar. O sofrimento faz com que você possa ser uma pessoa melhor”, afirmou.

 

Balanço do primeiro semestre de 2017

“Nós sabíamos que seria difícil, mas estamos terminando bem. Entregamos obras importantes, como a sobrelevação das barragens de Ituporanga e Taió, que tiveram resultado importante nessas enchentes. Foram várias estradas, só colégios foram 15 novos. Essa parte funcionou bem. A segunda questão era ter o equilíbrio entre receita e despesa, para não atrasar salários, não paralisar obras e o trabalho que a gente pôde fazer para proteger o emprego. De fato isso aconteceu. Nós estamos na faixa de 6% de desemprego, enquanto que o Brasil está com 14%. Não há um crescimento de arrecadação como nós precisamos ter, mas essa recuperação tem ajudado. Para o segundo semestre, a tendência é melhorar. O pior está passando. Não será muito melhor, não terá folga, mas teremos condição de continuar cumprindo os compromissos do Estado. Nós temos hoje, em que pese toda a situação adversa, um quadro menos grave em Santa Catarina. Embora a crise política continue, é visível que a economia está se descolando. Nós pudemos aproveitar bem fatores como nos ajudaram, por exemplo, a temporada de verão foi boa, a safra agrícola foi relevante, a exportação está ajudando e alguns setores estão crescendo, como o setor têxtil.” 

 

Previsão para o segundo semestre de 2017

“O primeiro quadrimestre foi bem. O mês de maio foi muito difícil. Junho voltou a crescer um pouco. O problema é uma tendência de queda, porque desarruma tudo. Maio acendeu um alerta. Nós arrecadamos muito menos do que se esperava. Tivemos o problema da Carne Fraca, ainda temos esse impacto, essa atitude dos Estados Unidos decorre muito daquele ambiente que se criou ali. Junho reverteu um pouco. Temos que olhar com atenção julho e agosto para ver qual será o cenário. Não tenho dúvidas que de setembro a dezembro teremos um bom crescimento. Estive com o ministro [da Fazenda, Henrique] Meirelles na terça-feira e eles estão muito otimistas a partir de agosto. Eles acham que haverá uma retomada de emprego e automaticamente de consumo, e que a economia vai ter um quadrimestre com crescimento de 3% em relação ao anterior.” 

 

Expectativa para o Fundam 2

“É um programa que se desenvolveu rápido, atendeu praticamente todos os municípios. Nós liberamos R$ 606 milhões e já pagamos R$ 567 milhões. O R$ 41milhões que ainda não foi liberado é por questões burocráticas nos municípios. Esse programa teve um efeito extraordinário, o Estado está mais bonito, as cidades mais bonitas, puderam fazer obras de infraestrutura que com o dinheiro próprio não conseguiriam. A gente vai nas cidades menores, e o programa visa, sobretudo, as cidades menores, fortalecer esse modelo catarinense que é a maior riqueza. A projeção que nós fazemos é que o segundo será melhor. As pessoas tem mais experiência, vamos fazer em tempo mais rápido e as prefeituras vão poder aplicar melhor os recursos que recebem. Com isso a gente diminui a crise nas prefeituras. A arrecadação está muito apertada. Praticamente paga os salários e os serviços que ela presta, que são muitos, e não sobra mais nada. Da parte do governo, o maior interesse é manter o modelo catarinense de apoio às pequenas cidades, para que elas não se esvaziem, que não se empobreçam e que as pessoas não tenham que migrar.” 

 

Política contra o aumento de impostos

“Nós estamos nos programando para antecipar a metade do décimo terceiro salário, vamos definir isso nos próximos dias, e nós não vamos aumentar impostos. É fundamental que a gente mantenha a postura, porque ela dá força para a economia e ajuda na geração de empregos. Hoje, é muito mais barato produzir em Santa Catarina do que em qualquer outro Estado do Brasil. Isso vai atrair empresas e dar competitividade para as nossas empresas e o benefício disso é o emprego e a renda da população. A partir do momento que a população está empregada ela consome. E se ela consome esse dinheiro também volta em tributos.” 

 

Futuro da aliança do PSD com o PMDB

“É muito cedo, não haverá definição antes de junho do ano que vem. Se olharmos as últimas dez eleições estaduais, elas foram decididas na época das convenções. A eleição do ano que vem terá uma forte influência do projeto nacional. Nós vamos ter que trabalhar para arrumar o país. Muitas forças vão se aglutinar em favor de um projeto para o país. E isso terá reflexos nos Estados, inclusive no nosso. Agora, cada partido vai tentar se fortalecer, fortalecer os seus candidatos, os candidatos vão para as ruas defender as suas ideias, isso é muito bom que aconteça. O meu papel é ajudar os meus companheiros políticos, por uma questão de lealdade, de convivência, de simpatia. Mas também eu tenho que dar prioridade ao governo. Se por um lado eu tenho o compromisso político, e esse é um vetor que eu não posso me afastar, nesse momento a principal energia é o vetor administrativo. Que é muito desafiador.” 

 

Renúncia para disputar o Senado

“Sim. Estou me programando para isso. A gente já tem uma experiência. Eu nunca fui forte no Legislativo, mas vou me esforçar, se puder chegar lá, para fazer um trabalho ainda melhor. Mas não é assim, ‘tem que ser candidato’, eu me disponibilizo. Se tiver alguém em melhores condições, não terá nenhum problema. O que eu quero é terminar bem o governo e esclarecer esses fatos que foram apresentados.” 

 

Acusações de delatores da JBS e Odebrecht

“É muito difícil. Achava que agora no final nós iríamos passar por uma colheita de um esforço muito grande ao longo desses anos. Mas, vieram esses fatos novos e hoje eu estou muito mais tranquilo do que estava antes. Agora conseguimos ter acesso ao que foi dito e estamos conseguindo recolher todas as provas. Nós não vendemos nenhuma ação [da Casan], porque era bom para Santa Catarina que não fosse vendido. Todos os passos estão documentados e poderão ser apresentados com uma robustez impressionante. Muitas coisas que foram ditas estão sendo desmanchadas pela realidade. Nossa equipe foi muito competente e documentou todas as ações. Eu agradeço a esse profissionalismo, que nos dá uma segurança muito grande para fazer a nossa defesa. Dizem que Deus não dá uma cruz mais pesada do que você pode carregar. O sofrimento faz com que você possa ser uma pessoa melhor. Isso faz parte da vida. O momento no Brasil é muito estranho. A gente sabia que o modelo político estava errado e iria produzir um desastre. Aconteceu e veio da pior forma possível. Agora, tem o lado positivo. Isso vai mudar, e para melhor. A transição é que é dura, porque não separa o joio do trigo. Nós não somos acusados de corrupção por uma razão simples. Nós não demos nenhum incentivo fiscal para ninguém, e não vendemos nenhuma ação da Casan. Não há um fato concreto. Há uma diferença enorme. 

 

Definição da data para a renúncia

“Não está definido. Eu não tenho essa decisão tomada. Eu vou avaliar mais a frente. Vamos terminar o segundo semestre cumprindo bem o nosso papel. Existe um prazo legal, que é começo de abril. Vamos avaliar.” 

 

Como gostaria de ser lembrado pela população

“Acho que nosso governo é um governo de êxito, de resultados. É só olhar o que está acontecendo com o resto do país e você vê que Santa Catarina, apesar das dificuldades, foi o último Estado a entrar na crise e o primeiro a sair. Para mim, a questão mais emblemática é a questão do emprego. A média de desemprego do Brasil é 14% e aqui 6%. Mostra um esforça. Isso significa um governo social, que protegeu o emprego e as famílias. Que teve equilíbrio fiscal. Foi um período difícil para o Brasil e que Santa Catarina foi melhor que os outros Estados.” 

 

Futuro do governo Michel Temer

“É difícil, com esse cenário, olhar até o final do ano que vem. Por outro lado, não adianta falar em utopia. Para se falar em eleição geral, quem tem mandato, tem que abrir mão dele. eu abro do meu. Mas e o Congresso? É de difícil execução. Por outro lado, o afastamento do presidente [Michel Temer] mergulha em uma coisa imprevisível. Isso nós não podemos, nós estamos debilitados. Aí assume o presidente da Câmara, logo vão abrir um processo contra ele também. Aí vem o do Senado, vão abrir processo contra ele também. Aí é eleição indireta. Mas quem que consegue ter unidade e uma maioria para recomeçar? Não é uma solução simples. É muito complicada. Tem que ter bom senso, pensar no país, não deixar que a situação que é grave se agrave ainda mais. O esforço tem que ser para que a gente consiga chegar ao final dessa etapa e fazendo as mudanças que precisam ser feitas. Só trocar pessoas não resolve a questão. O problema é estrutural e temos que enfrentar. Aí a gente chega na eleição de 2018 com maior maturidade, para fazer as mudanças que precisam ser feitas. É por essa razão que eu até me disponibilizo a ser candidato, para colaborar nesse processo. Você vai para a sociedade, debate com ela, compreende tudo que aconteceu e faz as mudanças a partir de um novo governo, legitimado pela sociedade. O grande problema de um governo que não é legitimado numa eleição direta é que tem várias dificuldades. Isso é um fato real. É preciso ter bom senso e paciência.” 

 

Avaliação da Operação Lava Jato

“Cumpre um papel importante, pois trouxe pra fora o que a gente sabia que existia. Como consequência vai trazer mudanças importantes. Agora, nós temos que adaptar. Antes poderia ter financiamento de campanha, agora é zero. Como você vai fazer eleição. Então tem que fazer um ajuste na lei. O problema está aí, a solução ainda não veio. O modelo velho morreu, o novo ainda não nasceu. Mas a contribuição é grande. Por mais doloroso que seja, temos que compreender que essas mudanças precisam ser feitas.” 

 

Reforma Política

“Vai ser superficial, faltam três meses para o prazo eleitoral se esgotar. Não sinto que tenha esse ambiente e nem essa vontade. O Congresso também está tentando se proteger. Ou faz duas mudanças, que acho que são simples, impor cláusula de barreira e proibir coligação proporcional, já diminui o número de partidos. Mas está discutindo a tese do “distritão”, que é o contrário disso. Além do financiamento de campanha, em que não tem uma solução para o futuro. Será que o Congresso vai apoiar o financiamento público de campanha. É um caminho, mas não se sabe o que vai acontecer. As regras precisam ser claras e rápidas.” 

 

Avaliação dos dois mandatos de governo

“Foi um período em que tudo que tinha que aconteceu no país aconteceu. Muitas crises, greves atitudes impopulares, mas chegamos ao objetivo, que era proteger a sociedade catarinense. Gerando emprego, promovendo desenvolvimento, fazendo obras de infraestrutura, enfrentar problemas duros. Acho que vencemos essas etapas, agora é uma questão de tempo para que isso seja reconhecido.”

 

 

REDAÇÃO ND, FLORIANÓPOLIS 

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