A demora no recolhimento do corpo de um dos três irmãos que morreram eletrocutados no temporal de Itajaí na quarta-feira (26) levantou questionamentos sobre a quantidade de funcionários no Instituto Geral de Perícias (IGP). O sindicato da categoria disse que há núcleos no estado sem nenhum perito. A Secretaria de Estado de Segurança Pública afirmou que já autorizou concurso para servidores do IGP, como mostrou o RBS Notícias desta quinta-feira (27).
Foram enterrados no fim da tarde desta quinta os três irmãos. A mãe, que também foi eletrocutada, mas sobreviveu, foi liberada do hospital para acompanhar o velório. O acidente ocorreu às 6h de quarta. Enquanto a mãe era socorrida, o hospital constatava a morte de Ana Vitória de Serpa, de 3 anos, e de Tainara Talita de Serpa, de 10.
Mas o corpo de Gabriel Lins Pereira, de 16 anos, ficou na rua enquanto o Instituto Médico Legal (IML) não chegava. “Está ali o ser humano caído feito um animal. Então o resgate é fundamental”, lamentou o pai das crianças, Marcelo Cidade Serpa.
Comunicação
O IML de Balneário Camboriú, no Litoral Norte, é responsável por atender 14 municípios. No momento do acidente, havia uma equipe de plantão. Mas a gerência do IGP explicou que não foi esse o motivo da demora.
No caso de uma morte violenta, o Instituto Geral de Perícias é o último órgão a ser comunicado. Normalmente, o socorro chama a Polícia Militar, que chama a Civil, que deve comunicar o IGP. “A chamada para a retirada do corpo que estava no local da ocorrência foi feita às 9h30. Então, imediatamente o IML se deslocou ao local e fez esse recolhimento”, disse o gerente mesorregional de perícias, Rudy Cezar Bedin Oliveira.
Sobre o caso, o delegado regional, Davi Queiroz, informou que a demora pode ter ocorrido pela demanda no plantão policial, uma vez que falta efetivo nas delegacias e não se pode interromper uma ocorrência.
Caso em Içara
No sul do estado, são seis peritos pra atender 20 cidades. Em Içara, a família de um menino de 3 anos que morreu eletrocutado em 21 de dezembro do ano passado ainda aguarda pelo laudo do IGP. A promessa do IGP é que o exame seria entregue na semana passada, mas não foi cumprida. O novo prazo é a próxima semana.
“Nós temos alguns núcleos de perícia no estado que não têm nenhum perito. O único perito que tinha ou se aposentou ou está afastado. Ou temos lugares que tem um perito só, e esse perito tem direito a férias, tem direito a licença, tem direito a ficar doente. Muitas vezes a cidade inteira fica descoberta”, afirmou o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais de Santa Catarina (Sinposc), Júlio Freiberger Fernandes.