Rui Car
28/04/2017 08h31

Demora no recolhimento de corpo de eletrocutado levanta questionamentos sobre falta de peritos no IGP SC

Corpo de um dos três irmãos mortos em temporal em Itajaí ficou das 6h às 11h na rua

Assistência Familiar Alto Vale
G1 SC

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A demora no recolhimento do corpo de um dos três irmãos que morreram eletrocutados no temporal de Itajaí na quarta-feira (26) levantou questionamentos sobre a quantidade de funcionários no Instituto Geral de Perícias (IGP). O sindicato da categoria disse que há núcleos no estado sem nenhum perito. A Secretaria de Estado de Segurança Pública afirmou que já autorizou concurso para servidores do IGP, como mostrou o RBS Notícias desta quinta-feira (27).

 

Foram enterrados no fim da tarde desta quinta os três irmãos. A mãe, que também foi eletrocutada, mas sobreviveu, foi liberada do hospital para acompanhar o velório. O acidente ocorreu às 6h de quarta. Enquanto a mãe era socorrida, o hospital constatava a morte de Ana Vitória de Serpa, de 3 anos, e de Tainara Talita de Serpa, de 10.

 

Mas o corpo de Gabriel Lins Pereira, de 16 anos, ficou na rua enquanto o Instituto Médico Legal (IML) não chegava. “Está ali o ser humano caído feito um animal. Então o resgate é fundamental”, lamentou o pai das crianças, Marcelo Cidade Serpa.

 

Comunicação

O IML de Balneário Camboriú, no Litoral Norte, é responsável por atender 14 municípios. No momento do acidente, havia uma equipe de plantão. Mas a gerência do IGP explicou que não foi esse o motivo da demora.

 

No caso de uma morte violenta, o Instituto Geral de Perícias é o último órgão a ser comunicado. Normalmente, o socorro chama a Polícia Militar, que chama a Civil, que deve comunicar o IGP. “A chamada para a retirada do corpo que estava no local da ocorrência foi feita às 9h30. Então, imediatamente o IML se deslocou ao local e fez esse recolhimento”, disse o gerente mesorregional de perícias, Rudy Cezar Bedin Oliveira.

 

Sobre o caso, o delegado regional, Davi Queiroz, informou que a demora pode ter ocorrido pela demanda no plantão policial, uma vez que falta efetivo nas delegacias e não se pode interromper uma ocorrência.

 

 

Caso em Içara

No sul do estado, são seis peritos pra atender 20 cidades. Em Içara, a família de um menino de 3 anos que morreu eletrocutado em 21 de dezembro do ano passado ainda aguarda pelo laudo do IGP. A promessa do IGP é que o exame seria entregue na semana passada, mas não foi cumprida. O novo prazo é a próxima semana.

 

“Nós temos alguns núcleos de perícia no estado que não têm nenhum perito. O único perito que tinha ou se aposentou ou está afastado. Ou temos lugares que tem um perito só, e esse perito tem direito a férias, tem direito a licença, tem direito a ficar doente. Muitas vezes a cidade inteira fica descoberta”, afirmou o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais de Santa Catarina (Sinposc), Júlio Freiberger Fernandes.

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