Rui Car
16/12/2019 12h30 - Atualizado em 16/12/2019 08h50

Torcida do Rayo chama jogador rival de nazista, e partida da Segundona da Espanha é suspensa

Ucraniano Zozulya foi contratado em 2017 pelo clube, que desistiu de fechar negócio após protesto

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Chegou o dia em que uma partida foi interrompida e suspensa após um jogador sofrer com a hostilidade da torcida na arquibancada. No caso, a ofensa foi chamar um atleta de nazista. Neste domingo, o Rayo Vallecano recebeu o Albacete pela Segunda Divisão da Espanha, mas o jogo foi suspenso na segunda etapa depois que o ucraniano Zozulya foi intensamente provocado pelos torcedores locais.

 

 

Para entender o que aconteceu no Estádio de Vallecas é necessário voltar a 2017. Em fevereiro daquele ano, o atacante Roman Zozulya foi anunciado pelo Rayo Vallecano. No entanto, o jogador, que atualmente tem 30 anos, tem uma ligação com movimentos de ultradireita da Ucrânia e apoiou o chamado “Exército Popular”, unidade fora do exército regular do seu país e formado por neonazistas ucranianos. Diante de vários protestos, 

o time espanhol desistiu da contratação.

 

Neste domingo, Zozulya, que veste a camisa do Albacete, visitou o Rayo pela primeira vez desde aquele episódio e sofreu com a hostilidade da torcida. Grande parte das pessoas presentes no estádio gritou “P… nazi” para o ucraniano durante quase toda a partida. Os gritos foram entoados ao ritmo da canção “Bella ciao”, famosa canção italiana que é símbolo de resistência ao fascimo no país. A torcida levou cartazes contra o jogador que deixavam claro que ele não era bem-vindo no local.

 

No início da segunda etapa, diante dos protestos incessantes, o árbitro José Antonio López Toca decidiu encerrar a partida, que terminou com o placar de 0 a 0. A decisão veio com respaldo dos dois clubes, da La Liga, que organiza o torneio, e da Real Federação Espanhola de Futebol. Dirigentes das duas equipes lamentaram o episódio.

 
 

– É uma noite muito triste para o Rayo e para o esporte. Queremos condenar os insultos que uma parte da torcida, localizada no fundo, proferiu para um jogador rival. O futebol está para unir as pessoas, não é desunião. Não se pode permitir o que se viveu – declarou o presidente do Rayo Vallecano, Raúl Martín Presa.

 

– Orgulhoso da reação dos árbitros, jogadores e dirigentes de ambos os clubes. Nem tudo vale. Se todos paramos, conseguimos erradicar insultos e cânticos ofensivos do futebol para transformar o esporte no que deve ser, uma fonte de valores e exemplo para todos – publicou o volante do Albacete, Diego Barri, nas redes sociais.

 
 

Em nota, a La Liga se manifestou “de acordo com a decisão tomada” e ressaltou que a entidade segue trabalhando “para erradicar a violência, o racismo e a xenofobia nos estádios de futebol profissional espanhol”

 

Ainda no estádio, a torcida do Rayo Vallecano provocou os árbitros e o atacante ucraniano após a decisão de suspender a partida. Alguns torcedores começaram a gritar “Zozulya é comunista”. Em outro momento, gritaram que “este bairro tem princípios”, se referindo à região onde fica o clube.

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