Rui Car
12/12/2018 09h12 - Atualizado em 12/12/2018 09h13

Após ausência de Renato em curso, Grêmio se esquiva e aguarda definição da CBF

Coordenador de curso diz que não tem acordo com o treinador

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O Grêmio aguarda um posicionamento oficial da CBF sobre um possível impedimento ao técnico Renato Gaúcho para comandar o time no próximo ano por conta da licença requerida pela entidade para os treinadores a partir de 2019. O comandante está matriculado no curso para obtenção da Licença Pro, mas compareceu a apenas uma aula até agora.

 

Nesta terça-feira, em entrevista à Rádio Itatiaia, o coordenador da CBF Academy e professor do curso, Osvaldo Torres, disse que o treinador não tem a frequência necessária para ser aprovado e que isso pode impedi-lo de comandar o time no Campeonato Brasileiro.

 

O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, afirmou ao GloboEsporte.com que espera uma definição por escrito da CBF para esclarecer a questão. Só depois de informado oficialmente sobre o que ocorrerá o clube passará a pensar em medidas para ter Renato na beira do gramado, se ele estiver impedido de atuar.

 

– A CBF que nos escreva isso. A princípio, Renato teria que fazer o curso. Mas que não fique falando por aí. Nos escrevam e tomaremos uma posição – resumiu o presidente Romildo Bolzan Júnior.

 

Nos bastidores, o Grêmio trata do caso diretamente com a CBF e manifesta confiança em um acerto para que Renato cumpra todos os requisitos e obtenha sua licença.

 

 

De férias, o técnico do Grêmio faltou aos primeiros dias de aula e foi visto na praia no Rio de Janeiro. O treinador apareceu na última quinta-feira e disse que tinha um acordo com a entidade para participar de determinadas aulas do curso e não comprometer as férias.

 

– Estou aqui, foi o trato que eu fiz com as pessoas da CBF, vou ficar umas duas horas hoje e volto na próxima quinta-feira da semana que vem para mais duas horas, talvez eu venha um ou outro dia. Talvez. Para vocês não falaram “o Renato está faltando de novo” e vocês não sabiam o trato que eu fiz com a CBF. Então eu não tenho nada contra o curso, nada contra as pessoas que estão aqui. Agora o meu jeito é esse. Minhas férias eu não vou abrir mão – garantiu Renato.

 

O que diz o manual

Com a matrícula no curso, mesmo sem ter a licença, o treinador cumpririria o requisito previsto no Manual de Licenciamento da CBF. O documento traz no capítulo 3 (Critérios Desportivos), na página 11, na parte dedicada a treinadores, uma brecha que permitiria a Renato treinar o Grêmio em 2019, mesmo sem a obtenção da licença:

 

“Para fins de esclarecimento, neste momento não será necessário o envio de informações adicionais sobre os treinadores das equipes principais, uma vez que todos os treinadores da Série A já mantêm o registro, junto à CBF, de seus respectivos contratos de trabalho. De todo modo, é importante destacar que, a partir de 2019, todos os treinadores das equipes principais deverão apresentar a Licença Honorária, Licença PRO ou Licença A para treinadores emitida pela CBF, ou, então, estar matriculados no curso para obtenção de licença.”

 

Em entrevista à Rádio Itatiaia, Osvaldo Torres negou um acordo entre a CBF Academy e o treinador. A carga horária do curso para a obtenção de Licença Pro é de 370 horas, das quais 180 horas de atividades presenciais.

 

– Ele não tem a licença. Não houve nenhum tipo de acordo. Todos aqui são tratados da mesma forma. Ele (Renato) foi matriculado e resolveu não fazer o curso. É uma decisão dele que a gente respeita e lamenta. Os clubes assinaram um termo de compromisso de licenciamento em que eles têm de cumprir formalidades. Uma das exigências desse licenciamento é que o treinador de futebol tenha licença para exercer a função – disse Torres.

 

Em contato com o GloboEsporte.com, a assessoria da CBF informou que Torres não tem a competência para definir se Renato vai ter ou não a licença ou ficar no campo em 2019. E que a exigência é o que está previsto no Manual de Licenciamento da CBF.

 

Os tipos de licenças

As licenças A, Pro ou honorária serão obrigatórias para os treinadores trabalharem nas equipes profissionais na Série A em 2019. Por isso a corrida de vários profissionais para a sala de aula. A CBF Academy concedeu licenças honorárias para treinador com serviços prestados no futebol com títulos de relevância. No entanto, a licença é reservada a treinadores com mais 60 anos – Renato completou 56 em setembro deste ano e não se encaixaria no quesito.

 

  • Licença Honorária: concedida a treinadores com mais de 60 anos e que somam, no mínimo, 50 pontos segundo critérios previstos na Convenção da Conmebol de 2016.
  • Licença Pro: para treinadores que desejam dirigir times profissionais e possuem a Licença A ou convidados.
  • Licença A: para treinadores que desejam dirigir equipes profissionais e possuem a licença B ou têm cinco anos de experiência em times profissionais.
  • Licença B: para treinadores que querem atuar nas categorias de base e possuem a licença C ou somam sete anos como jogador profissional ou cinco anos como treinador de base.
  • Licença C: para treinadores ou professores que querem atuar em escolas de iniciação para crianças e adolescentes.

 

Além da idade, para conceder a licença honorária, a CBF também usa um ranking com uma pontuação definida pela Conmebol, com mínimo de 50 pontos para ganhar o documento. Pelos critérios colocados pela entidade, Renato acumula 69 pontos conquistados. Por isso, foi convidado para participar da turma da licença Pro mesmo sem ter qualquer licença anterior.

 

A turma que iniciou o curso da licença Pro na semana passada conta como nomes como o atual e ex-técnicos da Seleção, TiteMano Menezes Dunga, entre outros profissionais renomados do futebol brasileiro. O curso é dividido em vários módulos e custa cerca de R$ 19 mil.

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