Rui Car
22/02/2018 15h40 - Atualizado em 22/02/2018 13h42

Acusado de declaração racista sobre Jailson, Edilson diz: “É em tom de piada”

Ex-jogador de Corinthians e Palmeiras afirma que apenas comentou uma brincadeira comum no futebol

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O ex-atacante Edilson Capetinha, campeão mundial com a seleção brasileira em 2002, insinuou na sexta-feira passada, ao participar de um programa do canal Fox Sports, que goleiros negros são mais propensos a falhar. Nesta quarta, por telefone, ele comentou suas declarações: disse que não considera as colocações racistas e alegou que apenas repassou uma “brincadeira comum no meio do futebol”. O assunto do debate, quando Edilson fez os comentários, era Jailson, goleiro do Palmeiras.

 

Edilson questionou, no programa, se Jailson realmente é o titular palmeirense. “Ele não é titular, gente: ele tá como titular, mas não é o titular”, disse. Em seguida, emendou com uma história de Zinho, que também estava na bancada.

 

– Zinho, você me falou do goleiro negão uma vez. Eu não esqueço disso. A gente tava jogando, Guarani e Palmeiras, e jogando, jogando, jogando, e o goleiro fazendo milagre, pegando cada bola. Aí eu passo por ele (Zinho) dentro do jogo: “Zinho, tu não vai fazer gol hoje?” Aí ele falou: “Esse goleiro é negão, daqui a pouco ele erra”. Aí 43, chutaram uma bola de longe, a bola entrou, e ele passou por mim correndo, comemorando: “Tá vendo o que eu falei? É goleiro negão. Goleiro negão sempre toma um gol”.

 

 

Edilson Capetinha não vê racismo em declaração em programa de TV (Foto: Marcos Ribolli)Edilson Capetinha não vê racismo em declaração em programa de TV (Foto: Marcos Ribolli)

Edilson Capetinha não vê racismo em declaração em programa de TV (Foto: Marcos Ribolli)

 

Logo depois, diante de afirmações sobre Jailson estar bem no time (não perde há 29 jogos), e de ter jogado com Dida na seleção brasileira, Edilson completou:

 

– Deixa chegar a hora certa. O Dida não era negão. É pardozinho. (…) Tem coisas no futebol que vocês não jogaram, vocês não entendem. Goleiro negão é igual… Rapaz… Tá bom, depois vocês vão dizer…

 

As declarações reverberaram em redes sociais e foram muito criticadas – em especial por palmeirenses. Segundo Edilson, ele apenas levou à conversa no programa uma brincadeira comum do futebol.

 

– Eu estava comentando que a torcida do Palmeiras prefere o Prass, que o carinho da torcida é muito grande. E falei que é uma coisa que no meio da gente é muito comum, e vocês, jornalistas, sabem que rola. Mas quando fala uma coisa dessas, é em tom de piada. O torcedor do Palmeiras ficou achando que é direcionado. Falei que na história do futebol se comenta isso, deve ser por causa do Barbosa na Copa de 50 (goleiro que falhou na final contra o Uruguai). Mas não quer dizer que sou racista. Apenas narrei uma coisa de jogo – disse Edilson, por telefone.

 

Jailson não perde há 29 partidas (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)Jailson não perde há 29 partidas (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

Jailson não perde há 29 partidas (Foto: Cesar Greco/Ag. Palmeiras)

 

Ao GloboEsporte.com, Edilson disse não achar que goleiros negros falhem mais.

 

– Todo mundo sabe que isso não existe. Até acho (o Jailson) um grande goleiro. Minha família é negra. Meus melhores amigos são negros, o Vampeta e o Amaral. Como vou ser racista? É coisa de resenha. Não penso isso. Não tem nada a ver.

 

O ex-jogador afirmou que não pediu desculpas a Jailson e que não acredita que o goleiro tenha ficado chateado.

 

– Não falei com o Jailson, porque acho que nem tem necessidade. Nem vi ele comentando alguma coisa. Tenho certeza que não ficou chateado.

 

História em Corinthians e Palmeiras

Edilson teve passagens marcantes por Palmeiras e Corinthians – que se enfrentam no sábado pelo Campeonato Paulista. Com a camisa alviverde, foi bicampeão brasileiro em 1992 e 1993. Depois, pelo Timão, repetiu a dose com as conquistas nacionais de 1998 e 1999 – além do Mundial de Clubes de 2000.

 

Pelo Corinthians, protagonizou uma briga generalizada em clássico ao fazer embaixadinhas dentro de campo. Depois daquilo, passou a ter muito mais identificação com corintianos do que com palmeirenses.

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