Rui Car
22/02/2018 14h40 - Atualizado em 22/02/2018 13h40

Classificado e resiliente, Zé Ricardo completa seis meses em alta: “Realizado”

Técnico faz balanço de seu início no Vasco

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Globo Esporte

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Depois da classificação para a fase de grupos da Libertadores, quarta-feira, após a vitória nos pênaltis contra o Jorge Wilstermann, na Bolívia, o técnico Zé Ricardo tem um motivo extra para comemorar nesta quinta-feira, quando completa seis meses no cargo. O sucesso na Libertadores tem sabor de dever cumprido diante de inúmeras dificuldades encontradas neste início de ano.

 

Diante dos problemas, como a crise financeira e política, o treinador precisou ir além de suas funções dentro de campo para controlar o ambiente. E conseguiu. Blindou o elenco e concentrou apenas na preparação dentro das quatro linhas, mesmo com a perda de jogadores como Anderson Martins, Nenê e Luis Fabiano.

 

– Não tenho nenhuma metodologia mirabolante. Hoje me sinto muito feliz e realizado no clube – afirmou Zé Ricardo.

 
 

Zé Ricardo, técnico do Vasco, completa seis meses no cargo (Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco)Zé Ricardo, técnico do Vasco, completa seis meses no cargo (Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco)

Zé Ricardo, técnico do Vasco, completa seis meses no cargo (Foto: Carlos Gregório Jr/Vasco)

 

O Vasco entra no Grupo 5, ao lado de Cruzeiro, Racing e Universidad de Chile. O primeiro jogo é contra os chilenos, dia 13 de março, em São Januário. Veja a tabela aqui.

 

Confira a entrevista com o treinador vascaíno:

Nos últimos jogos em São januário a torcida gritou seu nome depois da partida. Ficou satisfeito?

Confesso que me surpreendi. No início também falaram meu nome. Acho que é o reconhecimento de um trabalho de seis meses que está sendo feito e que acreditamos estar no caminho certo. A torcida do Vasco tem a necessidade, quer ver o time forte. Fiquei muito feliz e surpreso, fico bastante emocionante.

 

Qual foi o momento mais difícil? O início do trabalho ou os primeiros meses de 2018?

Esses seis meses têm sido de muito aprendizado para mim, certamente contribuíram para o meu crescimento profissional. Tive que lidar com situações inéditas. Eu cheguei em um momento sensível do clube. Havia até um certo temor. Tinha que colocar o Vasco brigando novamente na parte de cima, mas naquele momento era afastar ao máximo da zona de rebaixamento. Mas tive muito apoio, fui muito bem recebido, o que me deu confiança. Nesta transição política este ano, o clube realmente ficou um pouco à deriva. Tentamos blindar os atletas para qualquer tipo de problema. E eram muitos. Financeiro… atletas há muito tempo sem receber direito de imagem. Tentamos focar apenas no trabalho. Tive que assumir alguma coisa a mais.

 

Vascaínos não se cansam de ver essa imagem do pênalti defendido por Martín Silva (Foto: Carlos Gregórioa Jr / Vasco)Vascaínos não se cansam de ver essa imagem do pênalti defendido por Martín Silva (Foto: Carlos Gregórioa Jr / Vasco)

Vascaínos não se cansam de ver essa imagem do pênalti defendido por Martín Silva (Foto: Carlos Gregórioa Jr / Vasco)

 

O que foi preciso fazer além da função de técnico?

A ideia era deixar os jogadores de fora dos problemas para tentarmos buscar a vaga na Libertadores, que iria valorizar a todos. Com essa missão cumprida, cada um teria seu direito de escolha, até uma eventual saída ou transferência. Não teria nenhum tipo de rancor quanto a isso. Alguns atletas comunicaram sobre propostas, e eu disse: “Olha, segue sua vida”. Sabia que era isso que eu tinha que fazer.

 

Você saiu de um clube rival e assumiu o Vasco. Como foi essa decisão?

Primeiro, me senti honrado quando o Anderson Barros me ligou e disse que eu era a preferência do presidente Eurico Miranda. Mas confesso que não foi fácil. Pedi um tempo para pensar, conversar com a minha família, com as pessoas mais próximas. Eu tinha o sentimento de que poderia fazer um bom trabalho junto com a minha comissão e tirar o Vasco daquela situação. Nos 15 dias que tive para trabalhar (antes da estreia), as coisas começaram a funcionar. Agradeço muito ao clube, aos torcedores, aos atletas… Realmente foi com muita resiliência.

 

Goleiro uruguaio foi o grande herói da classificação do Cruz-Maltino (Foto: REUTERS/David Mercado)Goleiro uruguaio foi o grande herói da classificação do Cruz-Maltino (Foto: REUTERS/David Mercado)

Goleiro uruguaio foi o grande herói da classificação do Cruz-Maltino (Foto: REUTERS/David Mercado)

 

Hoje, independentemente do que aconteça, você mostrou que é um técnico que pode trabalhar em qualquer clube do Brasil?

É um tipo de conclusão que eu não posso tirar. Mas isso é do ser humano, as tragédias sempre ecoam muito mais do que as coisas boas. Ninguém para na rua para ver uma árvore dar flor, mas para para ver um acidente. É do ser humano. Não acho que isso vai mudar. Mas tenho consciência de que trabalhando de forma honesta, sem sacanagem, existe a lei do retorno. As pessoas precisam valorizar mais o ser humano. E acredito muito que a relação do atleta com o treinador tem que ser a mais honesta possível, porque isso dá retorno. Foi assim no Flamengo e está sendo assim no Vasco. Às vezes temos força dentro de nós que nem sabemos.

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