Rui Car
13/08/2018 09h55 - Atualizado em 13/08/2018 08h56

Precisa de um emprego? Faça uma tatuagem

Esta nova pesquisa mostra que estas mudanças já estão acontecendo

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HypeScience

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É comum ouvir que tatuagens podem atrapalhar alguém quando a pessoa está se candidatando a uma vaga de emprego – principalmente aquelas que ficam visíveis o tempo todo. Mas um surpreendente estudo mostrou que esta suposição não é verdadeira. Pelo contrário: tatuagens podem até mesmo dar aos candidatos uma vantagem competitiva no mercado de trabalho.

 

“Nossa pesquisa surpreendentemente não encontrou nenhuma evidência empírica de emprego, discriminação salarial ou salarial contra pessoas com vários tipos de tatuagens. Em nossa amostra, e considerando uma variedade de técnicas alternativas de estimativa, não apenas os salários e ganhos anuais de funcionários tatuados nos Estados Unidos são estatisticamente indistinguíveis dos salários e rendimentos anuais de empregados sem tatuagens, mas indivíduos tatuados também têm uma probabilidade igual, e, em alguns casos, maior, de conseguir emprego”, dizem os pesquisadores da Escola de Negócios da Universidade de Miami, nos EUA, e da Universidade da Austrália Ocidental em seu artigo.

 

A pesquisa foi feita com mais de 2.000 indivíduos em todas as regiões dos EUA – aproximadamente metade dos entrevistados eram de áreas urbanas com uma população superior a 1 milhão de pessoas. Os autores do estudo, que começaram a coletar dados durante 2016, descobriram que salários e ganhos anuais de empregados tatuados eram estatisticamente indistinguíveis daqueles que não tem nenhuma tatuagem. Em relação às contratações, os candidatos a emprego tatuados também têm a mesma probabilidade e, em alguns casos, são mais propensos a conseguir emprego.

 

“Dada a crescente prevalência de tatuagens na sociedade – cerca de 40% entre jovens adultos -, os gerentes e supervisores que discriminam trabalhadores tatuados provavelmente se encontrarão em desvantagem competitiva pelos funcionários mais qualificados”, afirma Michael French, professor de economia da saúde no Departamento de Gestão e Política do Setor de Saúde da Escola de Negócios da Universidade de Miami e autor principal do estudo em matéria publicada no site da Universidade de Miami.

 

Este novo estudo contraria pesquisas anteriores que haviam indicado que gerentes de recrutamento percebiam as pessoas tatuadas como menos empregáveis do que pessoas sem tatuagens. Este era especialmente o caso para aqueles com tatuagens visíveis ou mesmo ofensivas e que são difíceis de esconder no trabalho.

 

Para os autores do estudo, isso pode ser explicado por uma mudança na percepção das tatuagens. “Os estigmas associados às tatuagens, e particularmente às visíveis, podem estar se desgastando, especialmente entre os indivíduos mais jovens que vêem a arte corporal como uma forma natural e comum de expressão pessoal”, diz French.

 

Essa mudança pode ser vista observando reportagens de alguns anos atrás sobre este mesmo tema. O jornal inglês The Guardian, por exemplo, fez uma matéria em 2014 sobre o assunto, afirmando que, em 2014, a resposta, era sim para a pergunta “Você pode ser rejeitado (em uma entrevista) ou demitido por causa de uma tatuagem?”. A reportagem usa o exemplo de uma mulher que foi demitida após mostrar uma pequena tatuagem no pé. “Apenas alguns meses atrás, Jo Perkins supostamente teve seu contrato encerrado depois que ela exibiu sua pequena tatuagem no pé de uma borboleta. Com 38 anos e muita experiência de alto nível, o término foi tão surpreendente que ela está considerando uma ação legal”, dizia o texto.

 

Para concluir, a matéria afirma que ‘os preconceitos ainda estariam arraigados no mundo corporativo’, mas que ‘os pensamentos estariam mudando’: “Evidentemente, as visões tradicionais de tatuagens ainda estão arraigadas no mundo corporativo, e, a menos que você escolha um setor criativo de trabalho, ter uma tatuagem pode atrasá-lo (em sua carreira). O diretor de marketing e co-fundador da GRB, Dan Hawes, aconselha os alunos de graduação a ‘realmente considerar como suas escolhas pessoais de arte corporal podem ser percebidas pelos empregadores em potencial quando começam a olhar para as oportunidades de emprego. Acho que as atitudes estão mudando, mas com ou sem razão , as opiniões pessoais de algumas pessoas são antiquadas’ “, diz o texto.

 

Esta nova pesquisa mostra que estas mudanças, felizmente, já estão acontecendo. [phys.orgUniversidade de MiamiThe Guardian]

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