Rui Car
19/07/2018 17h00 - Atualizado em 19/07/2018 13h45

Psicoterapia: O que é, quais são os tipos e quando devo procurar?

Entenda o que é a psicoterapia e quais benefícios ela traz

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psicoterapia é uma grande aliada para quem busca a melhora de aspectos emocionais. Além de oferecer auxílio em momentos de aflição, a técnica proveniente da psicologia também permite um maior entendimento frente às questões da vida. Ter o acompanhamento de um psicólogo no dia a dia pode trazer transformações significativas em sua existência, independente do motivo que o motivou a iniciar a psicoterapia.

 

 

Segundo pesquisas realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 23,9% dos brasileiros apresentam algum transtorno de ansiedade. Além disso, a depressão acomete 5,8% da população brasileira. Estes dados apontam a importância do cuidado à saúde mental, e também despertam uma reflexão acerca dos gatilhos responsáveis pelo nosso mal-estar de modo geral, que pode ser combatido e compreendido através da psicoterapia.

 

O que é psicoterapia?

Etimologicamente, psicoterapia significa “tratamento da alma”. O médico escocês James Braid (1795-1860) foi um dos primeiros a utilizar o termo, além de ser o criador da palavra “Hipnotismo”, que com o passar dos tempos, popularizou-se como “Hipnose”, que significa “estado de sono”.

 

A psicoterapia é um tratamento colaborativo, onde paciente e psicólogo trabalham juntos para resolver as questões desejadas. Uma das principais ferramentas utilizadas na psicoterapia é a fala, pois é através dela que o paciente poderá expressar todos seus pensamentos em consultório. O ambiente da terapia é acolhedor, e a postura do especialista que irá te atender deve ser objetiva, neutra e sem julgamentos.

 

 

Com a ajuda do psicólogo, é possível identificar as causas e os padrões comportamentais que possam estar lhe impedindo de ter uma vida mais feliz. A psicoterapia ilustra de maneira clara, os pontos que necessitam de atenção e reparo em nosso cotidiano, para que possamos atingir um estado de satisfação emocional.

 

 

Para que serve a psicoterapia?

A psicoterapia é uma forma de ajudar as pessoas a lidarem com uma série de problemas psicológicos ou dificuldades emocionais. A psicoterapia pode auxiliar na eliminação ou no controle de sintomas que possam prejudicar nossa vida. Muitas vezes, nos sentimos tristes, irritados ou ansiosos em níveis desproporcionais, e acabamos tendo diversas áreas de nosso cotidiano afetadas.

 

Nossos relacionamentos afetivos e profissionais ficam comprometidos quando não estamos nos sentindo bem, e nossa autoimagem é uma das primeiras a serem prejudicadas. Isto acarreta em uma diminuição de nosso bem-estar, o que consequentemente pode vir a se tornar uma condição patológica para nossa mente.

 

É neste momento que a psicoterapia pode ser útil. Em consultório, é possível sentir-se acolhido por alguém que está disponível para nos ajudar com nossos problemas. E com as reflexões promovidas pela psicoterapia, adquirir um maior autoconhecimento e assertividade acerca de nossas escolhas torna-se uma tarefa menos árdua.

 

Quem pode fazer psicoterapia?

Não há restrições acerca de quem pode ou não fazer psicoterapia. Ela é indicada para todas as idades, e não deve ser vista como uma prática utilizada apenas por quem apresenta distúrbios emocionais. A psicoterapia pode potencializar a felicidade e a satisfação de todos que incluem ela em suas vidas.

 

Quando eu devo considerar fazer psicoterapia?

Não há um momento exato em que devemos iniciar a psicoterapia. Decidir iniciar um tratamento psicológico depende de nosso autoconhecimento e do suporte de amigos e familiares. Porém, esta não é uma escolha simples. Admitir que estamos fragilizados e vulneráveis requer que olhemos para lugares de nossas almas que não são fáceis de serem observados.

 

 

Antes de tudo, é necessário que aceitemos nossa condição. Reconheça toda a sua humanidade, tendo em mente que todos nós estamos sujeitos a termos dificuldades emocionais. Não há um controle mágico capaz de regular nossos sentimentos.

 

Algumas pessoas podem lidar melhor com seus respectivos dilemas, e outras não, e isto não significa que você é fraco. Todos nós nascemos com uma identidade singular, tendo limitações e qualidades específicas.

 

Buscar a psicoterapia é um ato de coragem, pois superamos os julgamentos e os equívocos sociais acerca dos tratamentos psicológicos. Escolher iniciar a terapia também é uma prova de amor próprio, pois decidimos lutar pelo nosso bem estar.

 

Em que situações a psicoterapia é indicada?

A partir do momento em que temos dificuldade para lidar com o nosso dia a dia, a psicoterapia torna-se aconselhável. Traumas como a morte de um ente querido ou um abuso sexual, doenças médicas, e desordens emocionais como a depressão e a ansiedade tornam a psicoterapia necessária.

 

Porém, a psicoterapia também pode ser buscada pelo desejo de nos conectarmos com nós mesmos, e por pessoas que queiram se conhecer melhor. Veja algumas situações que podem indicar que está na hora de iniciar um tratamento psicológico:

 

 
  • Você se sente triste e solitário por longos períodos de tempo
  • Você não consegue resolver seus problemas mesmo com esforço e a ajuda de amigos e familiares
  • Você não consegue se concentrar no trabalho e focar em outras atividades do dia a dia
  • Você se preocupa excessivamente, e sempre espera o pior, estando constantemente tenso
  • Suas ações prejudicam você e aos outros

 

Quais condições a psicoterapia pode tratar?

A psicoterapia pode tratar diversos transtornos psicológicos, sendo os mais comuns:

  • Depressão
  • Ansiedade
  • Anorexia Nervosa
  • Transtorno Obsessivo Compulsivo
  • Transtorno de Personalidade Borderline
  • Transtorno Bipolar
  • Demência
  • Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
  • Esquizofrenia
  • Autismo
  • Estresse pós-traumático

 

Como funciona a psicoterapia

A psicoterapia pode ser conduzida de forma individual ou em grupo, envolvendo casais e famílias. A maioria das sessões duram em média de 30 a 50 minutos, podendo se estender por mais tempo. Para a terapia funcionar, é necessário que o paciente confie em seu terapeuta, e que ambos tenham um bom relacionamento.

 

A psicoterapia pode ser a curto prazo, lidando com problemas imediatos. Também pode ocorrer a longo prazo, com duração de meses ou anos, trabalhando com conflitos pessoais complexos e duradouros. Os objetivos do tratamento, além da frequência de visitas ao consultório e os métodos que serão utilizados em terapia são planejados pelo terapêuta de acordo com as necessidades do paciente.

 

 

A confidencialidade é um requisito básico da psicoterapia, portanto, não se preocupe em compartilhar suas experiências com um psicólogo. Também é importante reiterar que apesar dos pacientes expressarem pensamentos extremamente pessoais em terapia, o contato físico com o psicólogo nunca é apropriado.

 

Existem diversas abordagens terapêuticas e algumas delas podem ser mais adequadas para determinados problemas ou transtornos. Além disso, a psicoterapia pode ser combinada com medicações e outras formas de terapia.

 

Tipos de psicoterapia

Psicanálise

A psicoterapia psicanalítica foi fundada por Sigmund Freud. De acordo ele, as pessoas podiam ser curadas tornando conscientes seus pensamentos e motivações inconscientes. O objetivo da terapia é trazer à tona emoções e experiências reprimidas, de forma a tornar o inconsciente em consciente. Ela é capaz de tratar transtornos e perturbações psicológicas, como a depressão e a ansiedade. No tratamento, é possível resolver tanto os sintomas, como a causa geradora. O objetivo da psicanálise é facilitar o processo de cura e reabilitação dos pacientes. O foco da psicanálise está no subconsciente, e seus métodos envolvem a livre interpretação de ideias, interpretação dos sonhos e análise de atos falhos.

 

Psicoterapia Junguiana/Analítica

Na psicoterapia junguiana, o psicólogo monitora o universo simbólico, focando a terapia nos sonhos. Nesse caso, há um diálogo entre o consciente e o inconsciente, o que ajuda na transformação e na ampliação de um olhar interior do paciente. O terapêura nesse tipo de psicoterapia leva em consideração que o inconsciente não contém influências somente da individualidade humana, como também do coletivo. A psicologia analítica reitera que o meio externo pode alterar os rumos de sua vida, assim como criar tendências de comportamento.

 

Psicoterapia Lacaniana

Na técnica da psicoterapia lacaniana, idealizada pelo estudioso Jacques Lacan, o paciente discorre sobre tudo aquilo que o incomoda no dia a dia. Nessa terapia, o psicoterapeuta quase não intervém na fala do paciente, deixando-o discorrer sobre o assunto de forma livre. Nesse caso, o psicólogo escuta o que o paciente tem a falar, mas também fica atento às entrelinhas.

 

 

Psicoterapia Cognitivo-Construtivista

Durante a psicoterapia cognitivo-construtivista, o paciente é incentivado a analisar pensamentos e emoções negativas. Para o avanço do tratamento, é necessária a construção de uma consciência emocional, que faz com que o indivíduo crie independência psicológica, sendo capaz de lidar com seus sentimentos.

 

Psicoterapia cognitivo-comportamental

A psicoterapia cognitivo-comportamental visa identificar e mudar padrões de pensamento e comportamento que são prejudiciais ao bem estar. O objetivo é substituir estes comportamentos sabotadores por ideais saudáveis. Normalmente a técnica envolve o aprendizado de novas habilidades sociais.

 

Psicodrama

O psicodrama precisa do coletivo para acontecer. Um grupo encena emoções e situações na vida dos pacientes, e interagem um com os outros para trabalhar questões pessoais. A técnica promove a espontaneidade dos sentimentos, produzindo insights transformadores. A comunicação verbal e não verbal é utilizada nessa modalidade de psicoterapia.

 

Terapia Interpessoal

A psicoterapia interpessoal é um tratamento a curto prazo. Ela ajuda os pacientes a entender problemas interpessoais que estejam causando malefícios para suas rotinas, como por exemplo, lutos não vivenciados, mudança de papéis sociais ou profissionais, conflitos com pessoas importantes para o vínculo social, e confrontos externos no geral. A terapia interpessoal é uma boa ferramenta para a criação de formas saudáveis de expressar as emoções e melhorar a comunicação com os outros. Ela é comumente utilizada para tratar a depressão.

 

Hipnoterapia

A psicoterapia por hipnose é capaz de introduzir ideias construtivas no subconsciente. Se feita de maneira correta, ela pode auxiliar na alteração de padrões de comportamento, pensamento, e sentimento.

 

 

Psicoterapia por EMDR

A psicoterapia por EMDR é relativamente nova, pois teve seu início no final dos anos 80. O método faz com que ocorra a dessensibilização e o reprocessamento de vivências através da estimulação dos dois hemisférios do cérebro. Ao contrário de outros tratamentos que focam em alterar as emoções, pensamentos e respostas advindas de experiências traumáticas, a psicoterapia por EMDR foca diretamente na memória, e é aplicada com o objetivo de alterar a forma que as lembranças são armazenadas em nosso cérebro, reduzindo e eliminando sintomas prejudiciais ao bem estar.

 

Fenomenologia

Segundo a psicóloga Ana Lia Clerot, a psicoterapia por fenomenologia procura compreender a vivência dos pacientes no meio social e também suas percepções do mundo que os cerca.

 

Psicoterapia Regressiva

A psicoterapia regressiva utiliza a hipnose para acessar memórias do passado que estejam causando mal no presente. Essas lembranças desencadeiam sintomas prejudiciais ao bem estar, e o papel desse procedimento é fazer com que o paciente analise, compreenda e supere acontecimentos não resolvidos do passado.

 

Psicoterapia comportamental dialética

A psicoterapia comportamental dialética ajuda o paciente a regular suas emoções. É frequentemente utilizada para tratar pessoas com pensamentos suicidas e outros distúrbios psicológicos, como os alimentares e o estresse pós-traumático. Ela cria novas habilidades sociais nos pacientes, para que seja possível mudar comportamentos prejudiciais ou disruptivos.

 

Psicoterapia Infantil (Ludoterapia)

Psicoterapia voltada para as crianças, levando em consideração que quando elas brincam, expressam seus sentimentos e pensamentos.

 

 

Psicoterapia corporal

Idealizada por Wilhelm Reich, a psicoterapia corporal leva em consideração corpo e mente. Nessa vertente, considera-se que os distúrbios psíquicos e emocionais causam tensões musculares crônicas. Além da fala como ferramenta para a terapia, especialistas dessa área também trabalham a respiração do paciente, envolvendo processos de toque, massagem, expressão sonora, técnicas posturais e alongamentos em consultório, a fim de atingir o equilíbrio emocional e físico de quem passa por este procedimento.

 

Psicoterapia Gestaltista

Na psicoterapia Gestaltista, o psicólogo faz com que você tenha responsabilidade por si mesmo, agregando maior relevância para sua vivência individual. Nessa corrente, existe um menor foco em sintomas e acontecimentos passados, pois leva-se em consideração que o presente é o único período tangível. Sendo assim, a preocupação pela origem do problema é reduzida, já que o objetivo é compreender como os dias atuais lhe afetam, e como você pode alterar a realidade hoje.

 

Constelações Sistêmicas e Familiares

A constelação familiar é um tipo de psicoterapia que leva em consideração que todo ser humano faz parte de um sistema ou família. O paciente conta ao psicólogo seus problemas, e então, o profissional irá investigar informações relevantes de sua família, como doenças, mortes, separações, brigas, entre outros. Após essa análise, o terapêuta irá notar padrões familiares que se repetem com o passar dos tempos, e como o paciente pode estar vivendo com a consciência de seus antepassados, ao invés de agir levando em consideração sua própria essência.

 

Psicoterapia Breve

A psicoterapia breve é um tratamento a curto prazo, com tempo e objetivos definidos. Normalmente, é indicada para quem esteja passando por alguma crise emocional aguda, que necessite de melhora imediata. Na psicanálise, a postura do especialista costuma ser neutra e passiva. Já na psicoterapia breve, o terapeuta se expressa de maneira ativa, e intervém nas falas do paciente constantemente, visando um tratamento mais intensivo que traga melhorias em um período pré-determinado.

 

Psicoterapia em grupo

Na psicoterapia em grupo, se formam rodas de conversas, onde as pessoas podem trocar experiências, identificando-se com as questões alheias. O psicólogo atua como mediador dessa conversa, e os participantes da terapia motivam-se entre si para enfrentar seus problemas.

 

Psicoterapia em casal

Casais que buscam a psicoterapia conjunta tem o objetivo de resolver conflitos no relacionamento, visando a melhora da qualidade de vida. As expectativas de cada um acerca da relação são expostas em terapia, para que ambas as partes cheguem a um acordo, sem a ocorrência de frustrações e mágoas.

 

Como escolher um psicoterapeuta

É importante que você se sinta à vontade com seu terapêuta, e que vocês estejam em uma boa sintonia. Psicólogos e pacientes trabalham juntos, portanto, não sinta medo de entrevistar diversos especialistas antes de escolher um. Você pode fazer isso por telefone ou durante sua primeira sessão. Procure por alguém que faça você se sentir confortável e que transmita confiança. Não se esqueça que você irá discutir questões profundas de sua existência em consultório, portanto, é imprescindível que você esteja fazendo isso com a pessoa certa.

 

O que você deve perguntar a si mesmo

Antes de iniciar a psicoterapia, é preciso refletir sobre alguns pontos, como por exemplo, quais são seus objetivos com o tratamento, e como você irá bancar os custos. Analise o impacto financeiro que isto lhe causará, além dos dias e horários convenientes para sua rotina.

 

O que perguntar ao psicólogo

Questione o especialista sobre a experiência que ele têm em casos semelhantes aos seus. Quanto tempo o profissional atua na área, quais são suas especialidades e qual a abordagem psicoterapêutica utilizada por ele também são perguntas viáveis. Se você tem questões específicas que podem fazer você não querer realizar a psicoterapia, compartilhar elas com o psicólogo pode ser útil.

 

Duração do tratamento

A duração da psicoterapia irá depender de diversos fatores: O tipo de problema ou distúrbio emocional, as características e o histórico do paciente, as metas do tratamento, e a velocidade em que a pessoa faz progresso na terapia.

 

Algumas pessoas sentem-se aliviadas após uma única sessão de psicoterapia. Ter contato com um psicólogo pode lhe oferecer novas perspectivas de vida, ajudando você a ver as situações de maneira diferente, além de oferecer alívio para dores emocionais.

 

A maioria das pessoas pode ser beneficiada após algumas sessões, especialmente se não passou muito tempo lidando com a questão sozinha. E mesmo que o seu conflito emocional não vá embora após algumas sessões, é possível que você se sinta confiante por ter feito algum progresso ao aprender novas formas de lidar com suas dificuldades.

 

Pessoas que sofreram traumas, têm diversos conflitos, ou que não sabem exatamente a causa de sua infelicidade, podem passar mais tempo realizando o tratamento. É importante não desanimar-se, pois resultados duradouros vêm com tempo.

 

Como saber a hora de parar a terapia?

Paciente e terapeuta decidem juntos a hora de finalizar os trabalhos psicoterapêuticos. Pode ser que um dia você vá dormir, e perceba que acordou sem se preocupar com o problema que o levava ao consultório. Ou então, com o passar do tempo, é possível que você perceba que está lidando com os seus conflitos de maneira saudável, sem sofrimento extremo.

 

O que acontece após o fim da psicoterapia?

Em muitos casos, o psicólogo pode solicitar que você retorne ao consultório algumas semanas ou meses após o término do tratamento, para checar se o que foi aprendido na psicoterapia está sendo colocado em prática.

 

Porém, não pense que a psicoterapia tem início, meio e fim definidos. Você pode resolver um problema, e algum tempo depois, ser confrontado com um novo. Algumas das habilidades que você aprendeu durante o tratamento podem não se adaptar a novas situações conflituosas, e não há problemas nisso.

 

Não se sinta fraco por procurar ajuda novamente. Seu psicoterapêuta estará pronto para lhe atender novamente, já sabendo seu histórico, o que pode ser útil em sessões futuras.

 

E não é necessário estar enfrentando alguma crise para realizar a psicoterapia. Você pode realizar um tratamento apenas para aumentar o seu bem estar. Pense na psicoterapia como uma grande aliada, que está disponível para tornar sua vida melhor.

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