Rui Car
27/06/2017 09h55 - Atualizado em 27/06/2017 08h22

Como um endividado conseguiu abrir seu próprio negócio, que hoje fatura R$ 20 milhões por ano?

O Açaí Villa Roxa aposta em um cardápio variado

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Não tinha para onde correr. Cambuí é uma cidade pequena no interior de Minas Gerais, daqueles lugares onde todo mundo conhece todo mundo. Jefferson Domingos começou a ficar “falado”, a ser até xingado pelos moradores devido às dívidas que contraiu com as festas e os shows que havia produzido e não tiveram o retorno esperado. O problema que tirava seu sono já tinha atingido a cifra de R$ 308 mil e precisava de uma solução urgente. Foi aí que ele teve uma ideia.

 

Lutador de jiu-jitsu, ele tinha o hábito de consumir açaí, que o pai trazia de São Paulo, e resolveu lançar o alimento na cidade. Em 2008, ainda era uma novidade, o açaí começava a ganhar força com status de saudável e se tornava queridinho pelo país. Jefferson enxergou esta oportunidade e com menos de R$ 500 montou uma loja escondida no fundo de um prédio, em um ponto comercial de pouca visibilidade, precisava até direcionar o cliente com uma seta para indicar o estabelecimento.

 

Jefferson conta que trabalhou por 5 anos, das 7h às 2h, durante todos os dias da semana, inclusive aos feriados, para quitar suas dívidas. “A dificuldade foi grande, pois muitas coisas deram errado, mas todos os erros cometidos, hoje, eu uso como aprendizado para que meus franqueados não façam a mesma coisa”, diz.

 

O início

Jefferson não virou empreendedor do dia para a noite. Desde os 6 anos, já se virava, vendia geladinho de suco em pó na arquibancada de futebol aos domingos. Aprendeu com os pais, via a mãe fazer bichos de espuma para vender e o pai bater de porta em porta nas lojas da cidade para comercializar autopeças.

 

Na adolescência, comercializava flores em frente ao cemitério e depois chegou a ganhar R$ 4 mil por mês com os shows de uma banda que montou com os amigos. Foi a partir daí que ingressou no mercado de eventos e adquiriu aquela dívida enorme, que no final seria o estopim para o início da rede de franquias Açaí Villa Roxa.

 

Começou com aquela lojinha, que no primeiro mês rendeu R$ 100. Como havia planejado, guardou 50% do lucro e os outros 50% destinou às dívidas. Entregou o valor para uma das pessoas a quem devia R$ 13 mil. “Falei para ele que agora devia R$ 12.950. Ele amassou o dinheiro e jogou em mim”, recorda.

 

Conforme o açaí caia nas graças do consumidor, os negócios foram prosperando e Jefferson não queria correr o risco de ficar sem a matéria-prima ou pagar muito caro por ela, então, guardou dinheiro para comprar uma fábrica na região Norte e em 4 anos conseguiu concluir a compra.

 

Agora, tem duas fábricas. Uma em Santana, no Amapá, e outra em Cambuí, em Minas Gerais. Além disso, todo o processo de produção é feito nelas, desde a despolpa até a entrega do produto final. Com isso, “os franqueados conseguem garantir a mesma qualidade durante todo o ano. A empresa também não sofre com a entressafra do fruto, oferecendo o produto com o mesmo preço em qualquer estação, garantindo a margem de lucro e a satisfação dos clientes”, afirma o empresário.

 

Conselhos

Para Jefferson, é importante ter conhecimento pleno sobre o negócio que quer colocar em prática. “Todo empreendimento tem um tempo de maturação, por isso, não pode ter um custo fixo alto. É preciso contar com a ajuda do mínimo de funcionários possível. O dono tem de ser o faz tudo da sua empresa e se dedicar em tempo integral para estabelecer o padrão. Todas as atividades iniciais irão depender dele. Nunca deve desistir e sim perseverar, sempre”.

 

O empresário também aconselha fazer uma prospecção de resultados, simular situações, antes mesmo de iniciar as atividades, para que consiga pensar em maneiras de agir no pior e no melhor cenário.

 

Outra dica é não achar que trabalhar apenas durante o horário comercial é suficiente. O trabalho extra loja é essencial para divulgação e fidelização dos clientes, através de parcerias, patrocínios, promoções via meios de comunicação local e redes sociais, etc.

 

Segundo Jefferson, o grande desafio é superar o medo. “A maioria das pessoas que conseguem realizar alguma coisa são aquelas que arriscaram. O fato de serem poucas as que alcançaram grandes conquistas é porque muitas preferem ficar na zona de conforto e isso é um erro”, enfatiza.

 

A rede

O Açaí Villa Roxa aposta em um cardápio variado com mais de 50 opções de acompanhamentos. Atualmente, há 31 unidades em funcionamento e até o final do ano deverão ser pelo menos 45. São três modelos de franquias disponíveis: quiosque, loja básica e loja completa. O faturamento médio mensal varia de R$ 45 mil a R$ 80 mil, dependendo do formato escolhido. Em 2016, registrou R$ 20 milhões no total.

 

A rede está presente nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais e do Paraná, empregando cerca de 170 pessoas em 20 cidades. Além disso, no próximo ano começará a exportar para América Central e América do Norte.

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