Rui Car
22/02/2017 10h45 - Atualizado em 22/02/2017 08h14

Por que gritamos para a televisão durante o futebol ou choramos com filmes?

Há, porém, formas em que o alief faz muito mal à sociedade

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As pessoas fazem todos os tipos de coisas irracionais sem nem perceber. Por exemplo: nós gritamos para a TV durante um jogo, mesmo que o jogador ou o técnico nunca possam nos ouvir. Além disso, alguns de nós evitam passarelas de vidro, mesmo sabendo que não correm perigo. A maioria de nós provavelmente não beberia em um chifre de touro ou bota, mesmo se soubermos que foi devidamente esterilizado.

 

Essas reações são todos exemplos de um princípio pouco conhecido, mas que se chama alief: uma reação que contradiz uma verdade racional. Sabia?

 

Alief acontece em todas as situações. O mais familiar pode ser na televisão: esse sentimento de pavor no clímax de um filme que você viu um milhão de vezes ou o lábio tremendo quando um personagem fictício morre.

 

Você sabe que não é real, mas suas emoções não se importam. O mesmo vale para situações aparentemente arriscadas, como olhar para um penhasco de longe. Não há quase nenhum perigo, mas você ainda pode sentir o famoso frio na barriga.

 

Você também pode sentir um alief por causa de um comportamento supersticioso. Você sabe que nada realmente acontece quando você bate na madeira, mas fazê-lo faz você se sentir melhor, então você vai lá e faz.

 

Na maioria das vezes, alief é inofensivo ou até prazeroso. Como o psicólogo Paul Bloom define: “O alief escancara o fato de que nossas mentes são parcialmente indiferentes ao contraste de eventos que acreditamos serem reais e aqueles que parecem ser reais ou que se imaginam reais. Estende-se naturalmente aos prazeres da imaginação”.

 

LADO RUIM

Há, porém, formas em que o alief faz muito mal à sociedade. Outro especialista, Tamar Szabó Gendler, resumiu uma pesquisa sobre como o racismo permeia a sociedade, muitas vezes sem o nosso conhecimento consciente: quando brancos se deparam com rostos negros, eles tendem a ser mais rápidos para julgar uma imagem ambígua como uma arma. Racismo óbvio e que precisa ser confrontado com racionalidade.

 

Outro triste exemplo: dois currículos idênticos, mas um de uma pessoa com nome estereotipado como negro e outro de um nome branco. Qual tem mais propensão e ser chamado para entrevista? Pois é.

 

Felizmente, há uma maneira de combater esta tendência. Um estudo descobriu que as pessoas que foram convidadas a imaginar uma pessoa não estereotipada em sua mente mais tarde “produziram estereótipos automáticos substancialmente mais fracos”.

 

Isso significa que buscar exemplos de pessoas que não se encaixam nos estereótipos intolerantes, no nível individual, e defender a mídia e as empresas que colocam as pessoas em papéis não-estereotipados, no nível societal, pode ter um grande impacto na luta contra o mais criminoso dos exemplos de alief.

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